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Às sombras do outono no jardim das fantasias, cogita-se uma rápida retomada da economia mundial. A leve brisa que sopra aplacando o calor emanado pela queima sem precedente de capital, já é visto por alguns como uma luz no fim do túnel. Ou, como diz um incorrigível otimista, o comentarista da Globo News George Vidor: pelo menos a luminescência de um vagalume. Realmente, seria difícil nada acontecer com tanto dinheiro sendo posto pelos governos para tapar os buracos do mercado. Apesar da recessão, sinais de aumento de liquidez começam aparece, com repercussões altistas nas bolsas e aparente melhora contábil de setores da economia.
As crises que acometem o mundo a partir dos anos 80 na forma de desastres financeiros globais, não podem ser vista como as crises cíclicas clássicas de curto prazo, que vem sempre acompanhada de uma retomada rápida do crescimento após a economia beijar o fundo do poço. A situação é mais complexa por serem esses desarranjos manifestações da crise estrutural do capitalismo, que no seu bojo abriga momentos de expansão e retração da atividade econômica, como convulsões de um moribundo que teima em não morrer.
Mas o capitalismo que vivenciamos, cada vez mais impossibilitado pela revolução tecnológica de ampliar a produção de mais valia, tendência agravada a cada espasmo da crise, só se porá em lento movimento apoiado no crédito sem limite no tempo e em novas bolhas, fenômenos intrinsecamente relacionados. O crédito, no entanto não flui, encontra-se empoçado como diz a gíria do mercado, apesar do derrame de papel-moeda em todo globo pelos bancos centrais.
A volta do Estado à cena política, fabricando e distribuindo dinheiro como nunca para irriga o crédito e maquiar os balanços dos grandes aglomerados econômicos, pode estar gestando a mãe de todas as bolhas, inflada por um conjunto de medidas anti-recessivas. Agora, sem subterfúgios e sem a mediação dos mercados financeiros colapsados, os governos imprimem papel-pintado que chamam dinheiro e põem na conta do Estado, aumentando o déficit fiscal que deverá ser coberto num longínquo futuro por impostos arrecadados de uma mais valia que não se realizará já mais.
Se essa conta, como todos sabem, é impossível ser paga pelas produções vindoura de mercadorias, a tendência é ter-se dinheiro sobrando sem lastro na riqueza real. E dinheiro que excede a riqueza além de um certo limite, não importa a origem, é inflação que como a deflação são os sinais mais visíveis da crise global do capitalismo. Apesar de tudo, aparentemente nada de novo se apresenta até agora capaz de substituir o modo de produção vigente. A saída via Estado, defendida por "socialistas" de países da América Latina, só diferem das medidas dos países ricos, da Europa aos Estados Unidos, pelo grau de intervenção (muito maior nos últimos), e pela arrogância de seus pequenos dirigentes que acreditam estar mudando o mundo.
10.05.2009
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