domingo, junho 18, 2017

É possível a emancipação dentro dos limites do capitalismo?

Rall

Quando a questão é o possível fim do capitalismo as confusões são muitas. Alguns analistas veem nas novas tecnologias que levam um aumento da produtividade e automação da produção uma possibilidade de superação dessa forma de produção. Porém, não é difícil perderem-se em suas análises. Em entrevista ao Jornal Valor econômico, Paul Mason não foge à regra. Segundo ele, “o desejo de compartilhar não apenas informação, mas também bens e serviços, irá derrubar as margens de lucro e inviabilizar monopólios e controle de preços pela elite financeira. Esta, diz Mason, terá seu protagonismo substituído por um modelo mais democrático, calcado no espírito colaborativo já revelado em criações comunitárias como a Wikipédia e em experiências locais como os governos de esquerda em cidades espanholas, como Madri e Barcelona. ” Diz que Marx errou ao acreditar que a emancipação humana não poderia acontecer dentro do capitalismo. E atribui a tendência na queda da margem de lucro (Marx) ao desejo de compartilhar informações, bens e serviços.

Salta aos olhos que a economia mundial, principalmente dos países desenvolvidos, só se mantém depois do nocaute de 2007/2008, com uma injeção jamais vista de capital sem substância e com crédito subsidiado. Houve toda uma mobilização para geração de mais capital fictício através da compra de papéis podres pelos bancos centrais para salvar bancos e empresas em dificuldades, de títulos emitidos pelos governos em grande quantidade e empréstimos subsidiados a bancos quebrados e a empresas de rentabilidade duvidosa. Busca-se compensar a atual minguada produção de mais-valia, antecipando pelo crédito o consumo da mais valia-valia futura e aumentando dívidas impagáveis para alimentar a economia global que sem potência para gerar valor não mais consegue uma retomada autônoma. Nesse sentido pode-se falar em crise geral, mesmo em situações de pleno emprego como aparenta ser nos EUA e do volume de dinheiro disponível nas instituições financeiras e em circulação. O que de fato se observa é uma simulação gigantesca de acumulação real de capital.

O dinheiro abundante, porém sem valor, estar financiando através dos fundos de investimentos novas tecnologias que aumentam a produtividade e dispensam força de trabalho, reduzindo ainda mais produção de mais-valia e expandindo o consumo improdutivo, num processo que auto alimenta a própria crise. Mesmo quando reciclado na produção de mercadorias, foge a lógica de valorização do capital. Portanto, do ponto de vista da reprodução real da “riqueza abstrata”, que é o objetivo final do capitalismo, a economia não está funcionada apesar das aparências.

A crise, relacionada com a impossibilidade de valorização do capital na economia real, como consequência da revolução tecnológica e do aumento da produtividade forçada pela competição entre capitais, vem tornado supérflua a força de trabalho na produção. Nos últimos 30 anos a racionalização da estrutura produtiva expulsou mais trabalho do que absorveu. Os níveis de produtividade atingidos vêm impossibilitando esse modo de produção gerar “riqueza abstrata” em quantidade suficiente. As empresas, em busca de lucratividade, entram em concorrência mortal e são pressionadas a se “armar” incorporando tecnologias que aumentem a produtividade, sem que seus agentes tenham consciência de que as que vencerem a batalha, farão às custas da liberação de “trabalho abstrato” da produção, substância do valor, sem o qual não é possível a valorização do capital. Esse “processo cego do sujeito automático” (Kurz), incapaz de superar as contradições internas, move o capitalismo em direção ao aprofundamento da crise estrutural.

Nesse contexto, pode-se entender o “compartilhamento” como uma necessidade operacional do capitalismo, reforçada pelo uso de novas tecnologias e como forma de enfrentar momentaneamente dificuldades sociais postas pela crise. Mas é um equívoco acredita que a cooperação entre indivíduos atomizados, sob hegemonia do capital ou a partir de iniciativas sociais visando mitiga os efeitos da crise, pode levar a superação do capitalismo, mantendo-se as bases de produção vigentes como pressupõe Mason. A moderna gestão empresarial já trilha esse caminho como forma de melhor organizar a produção e aumentar a produtividade, forçada pela concorrência que não deixa de existir apesar dos compartilhamentos, dos monopólios e oligopólios setoriais que tendem a se constituir.

A “cooperação” que não ocorre entre indivíduos livres, mas sob o tacão fetichista do fim-em-si do capital, não se dar só a nível interno das empresas, onde o compartilhamento é uma exigência cada vez mais presente, apesar da acirrada concorrência. Estende-se a produção global, tornando-se quase impossível a sobrevivência de empresas que atuam fora dessa lógica que se estabelece de forma acelerada no mercado global. O que são as chamadas “cadeias globais de valores e de suprimentos” que vem rapidamente se consolidando em todo mundo facilitadas pela tecnologia da informação, senão redes de produção que abrangem diferentes áreas geográficas, de países a continentes, onde tende-se compartilhar informações e a produção de bens e serviços? Essa tendência a interdependência no capitalismo agora mais acentuada, como forma inclusive de aumentar a produtividade, de racionalizar custos e distribuir de forma desigual a escassa produção de mais-valia, é o grande obstáculo as pretensões isolacionistas de Trump e Theresa May e para os que acreditam que manobras cambiais que possam levar a desvalorização da moeda resolvam o problema do crescimento e do desemprego.   

Um outro equívoco é achar que a quebra do monopólio do sistema financeiro e da indústria de tecnologia vai criar condições para aprofundar o compartilhamento que possa levar ao socialismo. Não entende que o crescimento do sistema financeiro, numa velocidade superior aos outros setores da economia, garantindo a expansão sem limite do crédito e da geração de capital fictício, é um sintoma da crise e ao mesmo tempo o meio encontrado de empurrar para frente o colapso da forma de produção capitalista. Como a produção de mais-valia torna-se escassa com a terceira revolução industrial por tornar supérfluo o trabalho humano - substância do valor - a forma encontrada para manter o capitalismo em aparente normalidade foi a geração de capital fictício pelo mercado e pelo o Estado, “simulando” a acumulação que já não é possível na economia real, com manobras contábeis que antecipa um valor futuro que deve não se realizar. Isso exigiu o crescimento do sistema financeiro privado e estatal, com capacidade de alimentar permanentemente créditos e bolhas, mesmo sabendo-se que mais na frente as bases de sustentação cedam e as pirâmides financeiras desmoronem sobre o próprio peso, desencadeando crises com impacto em toda economia.

Esse fenômeno de crescimento sem limites da “indústria financeira” – o nome expressa uma “abstração” fantasmática, cuja a magia é transformar dinheiro em mais dinheiro sem a mediação da mercadoria força de trabalho, mas subordinado a lógica do sistema do “trabalho abstrato” autonomizado - como forma de sustentar a combalida economia, envolve a produção e a distribuição de mercadorias, os estados, as empresas e o dia a dia das pessoas, todas amarradas ao crédito, numa teia complexa denominada por alguns de “financeirização”, que submete a totalidade da economia e da sociedade as oscilações dessa forma instável, ou como se diz na gíria dos operadores financeiros, ao “humor do mercado”.

Na mesma velocidade em que cresce o capital sem substância que alimenta esse fenômeno gerado em transações espalhadas no conjunto da economia - uma inversão na forma de produção real de “riqueza abstrata”, onde a mais-valia gerada na produção deveria ser distribuída na sociedade na forma de lucro, juros, renda da terra, impostos que financiam os estados e setores improdutivos - vira pó nos próximos distúrbios financeiros sempre de dimensões crescentes. Em 2007 / 2008 quando a indústria imobiliária alimentada pelo capital fictício em todo mundo, mas principalmente nos EUA, sofreu retração com a interrupção do crédito que refinanciava as dívidas num movimento ascendente, houve uma brutal desvalorização dos imóveis enquanto a crise se esparramava de forma assimétrica para a economia global.

Portanto, não se pode falar em acumulação real a partir da expansão do dinheiro sem valor, do capital fictício, mas de “simulação” que não deixa de ser a “pós-verdade” do capitalismo em crise. Mesmo quando reciclado na produção, como aconteceu com os imóveis em várias regiões do planeta, o capital fictício deixa sua marca de destruição aos primeiros sinais de abalos financeiros, com as dimensões que lhes é própria. Reportemo-nos novamente a 2007 / 2008 quando teve início a chamada “grande recessão”: com a interrupção do crédito e forte desvalorização de capitais imobilizados, o sistema financeiro e a indústria imobiliária, mais expostos as bolhas do capital dessubstancializado, foram os primeiros colapsar nos países desenvolvidos, seguidos pelo restante da economia mundial em tempos e intensidades diferentes.

Apesar da contração da economia ter ocorrido quando a bolha de capital fictício atingiu seu limite, a saída visualizada pelos bancos centrais para impedir que a economia continuasse deslizando velozmente em direção ao buraco negro sem possibilidade de retorno, foi inundar mais ainda o mundo com esse capital, inclusive imprimindo dinheiro. Determinante para isso foi a certeza de que não seria possível retardar esse processo e retomar o crescimento pela economia real. Acreditava-se numa intervenção pontual no momento mais agudo da crise e logo sair. No entanto, o processo continua e não se percebe possibilidade de ser freado sem desarranjos catastróficos na economia.  

Até o entre guerras, era mais evidente nas chamadas crises específicas ou cíclicas, o expurgo do capital fictício e a retomada do crescimento. Agora, o que parecia um paradoxo - a injeção de mais capital fictício num momento de agudização da crise pelo excesso desse capital – tornou-se na emergência e nos passos seguintes a única saída para os gestores do capital, apesar das incertezas e inevitáveis riscos do dinheiro impresso às pressas, ao azeitar a máquina autonomizada do capital fictício, alimentar uma gigantesca bolha cujo o estouro mais na frente pode fazer 2007/2008 parecer ruído de traques em salão de festa liberando imperceptíveis fagulhas. Pela quantidade de dinheiro circulante ou acomodado sem segurança em algum lugar, muitas vezes superior ao PIB mundial, e pelo rápido crescimento das dívidas pública e privada, é provável que a super bolha, formada pelo crescimento desmesurado do capital fictício e pela montanha de dívidas, esteja chegando ao limite.     

É um engano achar que a tecnologia é capaz de definir novos rumos que possam levar a superação da sociedade burguesa nos limites do capitalismo, considerando que esta continua aprisionada a máquina do “trabalho abstrato”. Pode-se afirmar que a revolução tecnológica coloca questões antes não existentes: o desemprego crescente pelo impacto da automação, a crise do valor e do dinheiro resultante da crise do trabalho, a crise do Estado, das instituições burguesas que funcionam como aparelhos ideológicos e se constituíram até agora no amálgama da sociedade patriarcal produtora de mercadorias. A inviabilidade da equação D-M-D’ se realizar com a crise do trabalho, não é percebido pelos agentes do capital por não veem nenhuma relação entre a geração de “riqueza abstrata” e o trabalho. Ao contrário, ameaçados pela concorrência, na crise tendem a racionalizar ainda mais os custos de produção com um conjunto de medidas e uso tecnologias que aumentam a produtividade e dispensam trabalho humano.

Para força de trabalho supérflua, além das mentiras e manipulações da demagogia populista, no capitalismo “soluções” estão sempre apostas e vão desde as duas grandes guerras mundiais, as guerras sectárias onde os bandos armados cultuam a morte como passagem para o paraíso, as guerras civis longas e atrozes, e pode-se vislumbrar a possibilidade de uma guerra nuclear limitada ou mesmo total. Se as guerras já não são mais saídas para crise do capital como foram outrora, a nostalgia desse passado, na consciência coletiva fetichizada, que aumenta à medida que a crise se agrava, junto aos surtos narcisístico de demagogos encurralados por suas próprias mentiras, pode levar o mundo a guerras com armas de destruição total. A lógica destrutiva do capital tende aguçar a subjetividade afetada a medida em que nos tempos de dinheiro sem substância e crises onde não se vislumbra saídas, pode-se não mais distinguir o real do fictício.

Apesar do acúmulo real de “riqueza abstrata” ser para o horizonte do capital uma miragem sempre mais distante a medida em que a substância do valor - o trabalho humano - torna-se supérfluo, a produção de riqueza material, efeito colateral do movimento do capital, tende a aumentar com o aumento da produtividade, criando-se condições pela primeira vez na história de superar as carências e atender as necessidades humana. Os avanços tecnológicos podem criar possibilidades imensas, se liberto do fim em si do capitalismo de fazer mais dinheiro (D-M-D’ ou D-D’). Porém, coloca-se a seguinte questão: a emancipação social da forma valor, no sentido objetivo e subjetivo, exige uma ampla consciência e consenso social. Se atingida essa consciência, nas condições dadas é possível se libertar do “sujeito automático” e fazer a gestão consciente e planejada da produção conforme as necessidades sociais e os limites da natureza? É uma questão difícil de ser respondida, apesar de que se pode afirmar com certa segurança a tendência ao agravamento da crise enquanto busca-se a superação nos limites lógico do capitalismo. A tecnologia atrelado ao “sistema do trabalho abstrato”, como forma de movimento da “riqueza abstrata” (Kurz), é um risco à sobrevivência humana. A medida em que essa riqueza se torna escassa, asselvaja-se a competição e os frágeis mecanismos de controles podem não mais funcionar.   


18.06.2017

domingo, março 26, 2017

Carne fraca ou capitalismo em putrefação?


Rall

O mais recente caso de corrupção no Brasil, agora envolvendo a cadeia de produção de proteína animal, agentes do Estado e políticos trouxe à tona o que todos sabiam: quem já por mais de uma vez não comprou carne estragada bem embaladas nos supermercados e açougues ou não teve uma diarreia alimentar que se manifeste. Dar para sentir o silêncio! Desavisados, acreditavam que era só desleixo dos estabelecimentos comerciais que mantinham a refrigeração precária para economizar na conta de energia, não deixa de ser parcialmente verdadeiro. Mas o escândalo atual mostra que os tentáculos do monstro se estendem para bem mais longe: se as mãos sujas estão nas gôndolas precariamente refrigeradas dos estabelecimentos comerciais contaminando os alimentos, a cabeça está na indústria e o coração palpitante no Estado, com gente ansiosa pelo próximo presente.

Uma coisa é certa: fatos como esse e as diarreias mentais provocadas é só a ponta do iceberg, tem muito mais coisas enterradas pelo mundo à fora, junto com as vítimas dos três séculos da história do capitalismo, que jamais serão reveladas. A medida que a crise do capitalismo se agrava a tendência é aumentar a falsificação de alimentos e de outros produtos, acrescido de alguns temperos picantes para camuflar o fedor.

Há anos atrás, tive a oportunidade de ouvir a história contada por um agente sanitário, sobre a interdição da atividade de um açougue que recebia pelos fundos restos bovinos destinados ao lixo para serem processados. Depois de um rápido tratamento eram transformados em carne moída que ia rechear esfirras saborosas à paladares diversos, distribuídas por uma grande rede fabricante desse produto. Segundo o proprietário do açougue a receita não era dele, mas fornecida pelo dono da encomenda. Disse que vendia do boi o que procuravam, até os excrementos para adubo.

Podemos até concorda que máximo aproveitamento do bicho é parte da nossa cultura tropical desde os tempos das Casas Grandes e Senzalas. Vide a feijoada, o sarapatel, a dobradinha e a rabada, todos pratos saborosos, muitas vezes cozidos sem a devida preocupação com os cuidados higiênicos necessários. Aí paladar e qualidade do consumido se misturam, e o nariz é o instrumento utilizado para qualificar o que é bom, e jogar fora o estragado.

No capitalismo o que interessa não é a qualidade dos produtos, mas o retorno monetário que se vai ter daí, quanto dinheiro pode ser feito com a produção e venda das mercadorias. Portanto, o estragado se maquiado pode não ser jogado fora. Os que produzem e distribuem os produtos que chegam às “mesas das famílias” em embalagem reluzente, utilizadas para ocultar os verdadeiros conteúdos, inclusive as características sociais do trabalho, estão interessados no dinheiro que pode ser gerado e não no bem-estar do “consumidor”. Aliás, o termo “consumidor” expressa bem como homens e mulheres são vistos pelo mercado e seus agentes que não enxerga necessidades, mas quanto podem os indivíduos consumir para que haja a realização da mais-valia, a única coisa que interessa por expandir o capital, as demais são decorrentes, inclusive a qualidade sempre precária quando exigida.

No capitalismo, o valor-de-uso, ou seja, a utilidade dos objetos produzidos como mercadorias é o que menos interessa. Só interessam enquanto veículos de valorização do capital. Se a celulose do papelão e outras sujeiras temperadas como alimentos vendem e satisfaz o paladar do consumidor lapidado pelo marketing, pode até não ser caracterizado como fraude se aumenta a lucratividade de certas empresas em conformidade com a lógica cega do capital. O Estado, enquanto o grande Leviatã, aparentemente a serviço do equilíbrio social, deveria intervir e pôr limites no caráter destrutivo do capital. No entanto, seu papel regulador vem se apagando a medida que a crise se agrava e aumenta a captura de setores deste por interesses privados. Num processo que parece regride aos primórdios do capitalismo, onde o Estado desempenhava papel determinante na acumulação primitiva organizando guerras e saques, agora, além das guerras, age na geração de capital fictício imprimindo dinheiro sem valor, antes considerado fraude, e na administração autoritária da crise sem, no entanto, resolvê-la.    

As autoridades da exigentes Europa e dos demais países desenvolvidos, deveriam olhar bem ao seu redor e não manipular com um discurso de que o problema é só do outro. Se os países da periferia do capitalismo têm sua miséria social e moral ampliada pelo impacto da escassez do dinheiro, tornando-se mais evidente o vale tudo pela acumulação nas economias colapsadas pela crise do valor, a lógica que os afeta não é diferente da mesma que levou a Volkswagen pagar bilhões de euros nos processos abertos contra a falsificação de resultados da emissão de poluentes pelos carros por ela fabricados, através de um programa intencionalmente desenvolvido para tal. Para não ser maçante fiquemos com essa lembrança entre milhares de outras já esquecidas pela memória coletiva obnubilada por uma subjetividade esgarçada pela desesperança de quem teima em buscar saídas nos limites do capitalismo. O chamado escândalo da “carne fraca”, assim como outros, deve ser visto com o ampliar de uma lupa do que estar em gestação no mundo das mercadorias, não importa o estágio de desenvolvimento dos estados-nação.

Quando o processo de valorização na economia real para e o capitalismo em profunda crise não é mais capaz de atingir seu objetivo de acumular “riqueza abstrata”, tudo é de se esperar para atender aos impulsos do “sujeito automático”, que dá a forma a sociedade burguesa e molda a subjetividade de um viver para fazer mais dinheiro: da reembalagem de alimentos estragados, com ajuda de temperos fortes para dissimular o odor e dar gosto a comida dos famintos, as pirâmides financeiras e emissão de dinheiro sem valor pelos bancos centrais, ao surgimento de um nacionalismo regressivo, com fortes doses de sexíssimo, racismo e discriminações de toda ordem própria de um patriarcalismo exacerbado que tende aumentar a violência social e estatal, desembocando em guerras permanentes e não declaradas. Nesse estágio da crise, onde a competição chega ao extremo, a única energia que brota das entranhas do capital em fermentação putrefato, e que afeta desde bem-nascidos e privilegiados aos deformados pela miséria em que estão mergulhados, é a pulsão da morte.   


26.03.2017